segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Acabei de ler o Crepúsculo esta madrugada (03 de Outubro de 2009). Abaixo segue os comentários sobre livro de Stephenie Mayer e seu fenômeno.
O Romance
Primeiramente que este livro se trata de um romance, e o tema amor é sempre um bom começo de leitura. Porém Stephenie coloca um romance entre dois adolescentes. Este já seria um bom argumento para que fizesse vários jovens procurar esse romance para ler. É o que poderemos chamar fator identificação. Porém há outro fator que agrega interesse ao romance. É que é uma romance entre adolescentes onde um (Edward Cullen) é um vampiro e uma adolescente humana (Isabella Marie Swan).
Stephenie, utiliza-se então de um elemento preeminente em nossos dias, o fator que chamaria místico exotérico (vampiro). Por que esse fator místico exotérico é importante? Bem todos nós, segundo a antropologia cultural, possuímos o que eu chamo de uma relação transcendental. Esta relação é inata. Todos os povos, dos mais primitivos tinham algum tipo de relação transcendental. Resumindo temos sede de Deus, do transcendente. Esse é um fator forte no crepúsculo, e esse argumento levou também igualmente ao sucesso Harry Potter e O senhor dos anéis. No mundo moderno a mística Cristã é démodée. Não consegue mais atrair as pessoas para uma busca mística de Deus e uma melhoria da sociedade. Seja pelos erros de Igreja no passado, seja pela falta de uma família estruturada nos valores cristãos e outros. O fato é que acreditamos mais em duendes, bruxas, lobisomens, vampiros, etc, que são puramente criações das imaginações e ficções humanas do que em Deus, real, que se fez presente na humanidade. Um Deus que busca o homem e que influenciou a humanidade. Dessa forma, vampiros, e etc são novidades e estimulam a mística, a transcendência embora fictícia.
Outros aspecto interessante é que vampiro também são símbolos de imortalidade, poder. No romance entre vampiro e uma humana, suscita o mito do amor eterno. Ainda que esta idéia de romance entre vampiros e humanos não algo novo, no filme “Lifeforce” Força sinistra (1985) Um alienígena (vampira) se apaixona por um astronauta e vem a terra para sugar e se alimentar da energia vital da humanidade. Só que esse filme esta numa versão mais adulta. O astronauta terá que ter força para impedir que a vampiro espacial acabe exterminando a humanidade, sugando a energia vital.

O Vampiro
No romance, a autora, Stephenie Mayer, apresenta Edward Cullen, um jovem adolescente que foi transformado em vampiro por volta dos 17 anos de idade. A autora capricha nos detalhes em descrever o vampiro como o mais belo dos rapazes. Se levar em conta que é uma mulher que esta escrevendo o romance e que talvez o tenha escrito com objetivo de atingir o público jovem feminino, não é de se surpreender. A fato é que Edward Cullen é o sonho de consumo de qualquer moça.
Como falado anteriormente, ele representa o mito do amor eterno, “o elixir da longa vida” e da beleza.
Curiosamente, os vampiros descritos em outras versões sobre Dráculas, vampiros, são criaturas das trevas, demoníacas, capaz de espalhar a morte ou a condenação eterna. Uma criatura que é necessário destruir, ou levará a condenação toda a sociedade. A autora, ao contrário, cria então um fato inusitado, Os cullen são vampiros “vegetarianos”, bonzinhos, que querem viver suas condenações eternas filantropicamente, ajudando as pessoas e vivendo peregrinamente e ocultamente pelas cidades.

A moça – Bella
Ao contrário do que acontece com o vampiro Edward Cullen, a autora não capricha na descrição de Bella. Talvez por que, quem descreve o romance seja a própria Bella, talvez por que a autora tenha uma tendência feminista e queira fugir desse padrões estéticos que o mundo impõe como o que seria uma mulher ideal. Dessa forma não coloca que Bella seja uma moça linda, sedutora, de olhar penetrante e de um corpo escultural, capaz de propiciar gozos inefáveis e levar qualquer homem a perder a cabeça. Não, ela aposta no simples. Bella ao contrário é uma moça singela, inteligente, de uma personalidade peculiar. Educada, curiosa como seria a maioria das mulheres, tímida, amigável, e não levada a vaidade, o que é um diferencial. Diria que seria algo como caracterizar uma beleza exótica, avessa aos padrões e por isso instigante. Ela quer chamar atenção para Bella, pelo que ela é como pessoas e não pelo que ela aparenta, pelo externo. Além disso a autora coloca um elemento que vai encaixar perfeitamente a figura de Bella com o vampiro Edward. Bella é meio que desastrosa, de uma coordenação motora deficiente, não gosta de dançar e não dança, mesmo tendo feito balé na infância, o que é curioso. Ainda uma tendência a se envolver em situações complicadas, um tanto quanto perigosa, o que faz com que precise de alguém que seja protetor, cuidador e atencioso com ela: O vampiro Edward. Neste ponto as peças do quebra cabeça Crepúsculo se encaixam perfeitamente.
Temos ai outro elemento, que diria, psicológico interessante. Toda mulher busca no homem alguém que a possa proteger, cuidar, lhe dar segurança. O Companheiro passa ser a figura do Pai. Bella não foge a isso. Esse elemento que a autora colocar em Bella, dela ser levada a se envolver em situações perigosas, encaixa perfeitamente no aspecto que os adolescente também são levados a se envolver em situações complicadas, por sua impetuosidade, curiosidade e busca de auto-afirmação.
O impasse
Por fim o romance coloca um impasse; Um amor paltônico. Edward como sabemos é um vampiro e enquanto Bella humana, só poderão viver plenamente esse amor se Bella se transformar em vampiro e Edward não esta disposto a transformá-la apesar de Bella querer.
É também outro elemento que remete aos adolescente, uma vez que o despertar ao amor acontece de forma platônica. As paixões na adolescência, embora verdadeiras, são paixões platônicas, onde o centro é mais um cultuar seu próprio Ego, uma busca de seu Eu.
Então dessa forma classificaria o romance de Stephenie Mayer como um romance tipicamente adolescente. Estes elementos acima citados são bastante motivadores do sucesso de Crapúsculo e que tem como aspecto bastante positivo o fato de fazer com que os jovens e adolescente lêam.
Jonas Silva.

Um comentário:

Unknown disse...

Oi, Jonas, é a Pamella, do blog Revisando Conceitos. Quero dizer que adorei sua análise do romance Crepúsculo. Ela está perfeita. Praticamente uma tese de doutorado... rsrsrs... a cada linha que eu lia, ia balançando a cabeça e concordando com o que vc diz... eu estou finalizando a leitura do último livro, Amanhecer. Confesso que me desapontei um pouco com a autora, porque ela viaja um pouco na última obra, mas a história continua sendo linda... Gostei muito do que vc escreveu... muito bem embasado teoricamente, bah, excelente... vc é antropólogo, psicólogo, professor de Letras??? Um abraço,
Pamella.