sexta-feira, 3 de abril de 2015

Sexta Santa


                                           

Cai a noite sobre a alma
e o salão jaz vazio.
Ecos do passado ressoam.
Desejo de vida, lembranças vívidas.

Demônios povoam e fazem festa.
Abandono Supremo, segue-se
o curso da transformação.

Amargo é o gole dessa essência.
E as virtudes permanecem,
mas não vêm a tona.

Cai a tarde e arde
dolorosamente o peso do mundo.
Não há consolo e nem companhia.
Há apenas, uma noite vazia.
Um desespero profundo, supremo,
contínuo.

Explode mil flagelos e destroem-se
sete mil elos.
E o gosto amargo na boca prossegue.

E a vida se desfaz lentamente
em gotas preciosas que gotejam
pelo chão, sedento de teu Eu.
Esfomeado e egoisticamente lutam
pela tua seiva.

É neste momento que sintonizas
com o Universo e já se faz
quase ele em sua totalidade.

Nossas mazelas é uma súplica
a união inefável.
Um mergulho profundo ao
abismo do teu ser.

Editado em 16 set 2022

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